domingo, 14 de agosto de 2011

FELICIDADE...




Por Fábio Freire

Estava eu, mero expectador esporádico da TV globo, quando vi o chamado para um filme anunciando a sessão tela quente, logo após a novela das oito às segundas-feiras. Em busca da felicidade era o nome do filme. Na minha mente veio instantaneamente o questionamento: felicidade existe? O que é preciso para ser feliz? Que mecanismos são fundamentais para preencher os vazios das nossas vidas e, assim, trazer a felicidade?

O filme retrata um drama baseado em fatos reais de um pai (homem de ferro) que faz o possível e o impossível para cuidar de sua família, mas nunca possui o dinheiro necessário para isso. Com tantas dificuldades, Chris Gardner, interpretado por Will Smith, vive uma frustação, pois sua esposa não suporta a situação e o abandona. Chris, mesmo passando por muitos problemas, não deixa que sua esposa leve seu filho de cinco anos Christopher atuado por Jaden Smith e fica com ele. Mesmo com todas as adversidades e sem ter dinheiro em casa, ele não desanima e seu único objetivo é cuidar do seu filho. O filme cheio de emoções representa uma pessoa que passou por tantos problemas da modernidade e venceu. Incrível o filme!

Voltando para realidade, a problemática da felicidade está intrínseca ao ser humano e a busca pela sensação de bem estar será eterna. Muitas vezes exerce a função de potencializar a vida (motivação), outras vezes o fator psicológico que mais perturba (enfraquece o ser) quando se torna uma psicose.

Pessoas buscam a felicidade pelo mecanismo do vício e, assim, entorpece o organismo de substâncias químicas (bebida, cigarro, drogas e mais drogas) que não trazem a felicidade embrulhada como presente. Pelo contrário, além de degradar o corpo e a mente, retira as poucas esperanças que se têm guardadas para encontrar momentos de felicidade.  

Para outras, felicidade é adquirir bens, imóveis, serviços, produtos eletrônicos, dinheiro... 

No mundo consumista em que vivemos, as inovações tecnológicas estão cada vez mais visadas pela sociedade moderna. TV LED 3D de 52 polegadas, IPAD, Notebook core não sei das quantas (I3, I5 ou I7), celulares modernos que parecem computadores, carros tecnológicos de última geração, são alguns componentes desejados pelos consumidores. 

O consumismo está não apenas em materiais eletroeletrônicos (objetos), mas também nos padrões a que o ser humano está aprisionado. O Brasil é o segundo país do mundo em realizações de cirurgias plásticas. Os famosos padrões que fazem as pessoas muito bonitas não se sentirem suficientemente bonitas (escravos dos padrões). As pessoas procuram ser arianas, altas, com nariz afilado, seios grandes, bombados, um conceito nazista de ser, aspirando a equiparar os seus corpos aos vários modelos impostos pelos padrões da sociedade vigente. Você já se perguntou por que a pessoa dita bonita e desejável deve ser aquela que se rotulou como tal? Mas, quem rotula? Profissionais da moda? Críticos de cinema? Quem? Vem cá, estamos mesmo precisando disso para sermos felizes? 

Cada vez mais me contraponho à famosa frase, cunhada e imortalizada por Vinícius de Morais, “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Ponho-me a questionar até que ponto a beleza exterior continua sendo a principal chama da atração pessoal. Onde está a essência do ser humano? Afinal de contas, existem ou não existem muitas pessoas que, apesar de baixinhas, gordinhas ou magrelas, dentuças ou narigudas, são absurdamente sedutoras e irradiam um forte magnetismo? 

Ainda bem que existe o Shrek (reinado dos gordos e carecas simbolizando as pessoas que não fazem parte dos padrões). A beleza sofre transformações com o passar das épocas. Era belo naquela época...

Em minha opinião “ser feliz é fazer o que gosta”. Em se falando de plenitude, poderia definir felicidade citando o seu oposto mais forte, a tristeza; ou mesmo, com a frase “felicidade é indefinível e ainda seria mais difícil ainda medir esta”. Mas no conceito mais emotivo e levando para prática, posso dizer que ser feliz é atingir o máximo de prazer ao doar-se com amor, carinho, entrega da alma aos amigos e familiares (abraços, beijos, palavras de motivações, afeto, afago, amor...); é sentir-se bem em resolver problemas de outrem (ser ativo); é ter autoconfiança (entender que viemos ao mundo para impactar pelas boas ações); é dar um simples bom dia, boa tarde ou boa noite às pessoas que fazem parte do nosso dia (do gari ao diretor de sua instituição de trabalho); é ter a saúde na sua plenitude; é sair desses mercados consumistas em que vivemos que só segregam nossos sentimentos (uma busca desenfreada pela inovação que entorpece e causa depressão) e viver de forma simples; é ter um lar para família por mais simples que seja (é seu); é sorrir das dificuldades e nunca parar de lutar.

Agora, não podemos ser hipócritas em dizer que o ser humano não possui desejos. Eles existem e são dominadores, fortes. O mercado consumista adora catalisar nossas vontades atacando no calcanhar de Aquiles do consumidor. E o pior, não atiram com flechas como faziam antigamente. São armas pesadas  com grosso calibre e última geração. As propagandas impostas pelos mercadores são de fazer milagre, prometem causar rupturas (melhorias circunstanciais imediatas) entre o antes e o depois de adquirir os produtos. 

E outra, possuir produtos tecnologicamente inovadores massageia o ego, além de causar conforto físico e bem estar psicológico. “Tenho produtos de última tecnologia conta aos amigos quando compra”. Às vezes nem precisa, compra pelo simples fato de elevar o poder. Bela coisa!

Enfim, os vazios vão se alargando e a felicidade não vem. Até quando o homem vai continuar buscando felicidade onde a felicidade não existe? Ser feliz é está bem consigo mesmo, é usar a tal psicologia positiva fazendo nascer no interior a felicidade com emoções e atividades positivas. 

Para concluir, uso a fala de Dalai Lama “Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro... Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, ser feliz, fazer e principalmente viver”. 

Seja feliz, eu também não desisto nunca!